Orientação & Navegação III – Declinação Magnética

Caso você esteja acompanhando os textos sobre Orientação & Navegação em meu blog – Blog do Antônio Calvo -, lembre-se que eu já escrevi sobre os seguintes tópicos que você pode ler nos links abaixo:

Chegou o momento de expandirmos um pouco mais o assunto e entrar no tema “declinação magnética”. O termo declinação magnética nada mais é que o nome dado ao ângulo entre o Norte Geográfico e o Norte Magnético, da mesma maneira que alguns ângulos recebem nomes especiais como, por exemplo, o ângulo reto que sempre tem 90º.

Norte Geográfico, Magnético e de Quadrícula

Existem três tipos de norte representados nas cartas topográficas: 1. geográfico, 2. magnético e 3. quadrícula (figura 1). O norte geográfico é uma convenção antrópica, uma vez que se estabeleceu este ponto como o local onde todos os meridianos se convergem, ou seja, por onde passa o “eixo” de rotação da Terra – lá no Ártico. O norte magnético, por sua vez, representa o alinhamento das forças magnéticas da Terra (sugestão para leitura: Magnetismo Terrestre – Serviço Geológico do Brasil) e a sua posição varia conforme os anos. Em 1831 James Clark Ross foi o primeiro a registrar a sua existência, localizado logo ao norte do Círculo Ártico e em 1904 o explorador norueguês Roald Amundsen notou que ele havia mudado de lugar. E por fim, ainda existe o norte de quadrícula, aquele da UTM discutido em meu último texto Orientação & Navegação II – UTM.

Declinação Magnética
Figura 1: os três nortes encontrados nas cartas topográficas. NQ norte de quadrícula, NG norte geográfico e NM norte magnético (Santos, 1990).

Assim, é preciso sabermos a declinação local quando queremos unir a bússola com o mapa, utilizando os dois ao mesmo tempo. Mas não se assuste com tudo isso, não é caótico como parece ser! Para calcular a declinação local basta olhar o diagrama de declinação na legenda das cartas conforme a figura abaixo (figura 2). A legenda foi apresentada em meu texto Orientação & Navegação I – Carta Topográfica.

Figura 2: carta Rio Claro, IBGE 1969

Como Calcular a Declinação Magnética ?

Ali, você encontrará a declinação do mapa quando este foi produzido e a sua variação anual e, ainda, se a declinação move para leste ou oeste. Na legenda você encontrará também o último ano em que a declinação foi calculada. Basta agora, então, multiplicar a idade do mapa pela sua variação anual e somar esse número à declinação correspondente ao ano informado. Vejamos um exemplo utilizando a carta Rio Claro FOLHA SF-23-M-I-4, produzido pelo IBGE em 1969. Naquele ano, sua declinação era de 14°38’ – quatorze graus e trinta e oito minutos – a oeste e sua variação anual é de 8’ – oito minutos. Portanto, em 2024, temos 55 anos de idade da última declinação conhecida, ou seja, uma variação de 440’ (8’ x 55). Contudo, como todo ângulo é um múltiplo de 60, será necessário transformá-lo em graus dividindo-o por 60. Logo, temos 7,3333º, ou seja, 7°20’ (7º x 60 = 420’ e ainda sobram 20’ para completar 440’). Soma-se agora esse ângulo ao já existente em 1969: 14°38’ + 7°20’ = 21°58’ (caso a soma dos minutos ultrapasse 60, adiciona-se 1º à conta e a sobra numérica torna-se os minutos). Como a declinação varia a oeste, neste exemplo, devemos subtrair 21°58’ do norte do mapa 0º/360º. Concluindo, teremos, portanto, o norte representado pelo ângulo de 338°02’.

Lembre-se dos seguintes símbolos:

  • º = grau
  • ‘ = minuto
  • “ = segundo

Muitas vezes, você também encontrará no diagrama da declinação o ângulo entre o norte geográfico e o norte de quadrícula. Esse ângulo é formado na tentativa de planificar a Terra, conforme visto no texto sobre UTM – Unidade Transversa de Mercartor. Observe a figura 1 e note que o norte da quadrícula segue uma linha reta e perfeita sentido norte-sul, “fugindo” ligeiramente do norte geográfico. Mas, para a nossa sorte, como esse ângulo é numericamente pequeno, acabamos por ignorá-lo. Assim, não se preocupe em adicioná-lo nas contas acima.

Utilizando a Declinação Magnética na Carta Topográfica

Existem três maneiras de utilizarmos a declinação magnética nas cartas, seja ela 1. desenhando novas linhas de norte no mapa, 2. ajustando a bússola – apenas em alguns modelos – ou 3. calculando em campo a soma ou subtração da declinação em relação ao norte geográfico. Didaticamente, a maneira que eu acho mais fácil de trabalhar é o primeiro, desenhando o “novo” norte no mapa. Calcule a declinação conforme as informações contidas na legenda, seguindo o raciocínio acima e com a bússola encontre este ângulo em relação às linhas de norte – quadrícula – do mapa. Siga os passos a seguir:

  1. Ajuste a bússola para a declinação calculada a partir das informações contidas na legenda;
  2. Posicione a bússola em cima do mapa coincidindo o norte do disco de leitura com o norte de uma das linhas do mapa. Ignore a agulha neste procedimento; 
  3. Agora é só desenhar com uma caneta as novas linhas de norte já declinadas (figura 3).
Figura 3: desenhando a declinação magnética na carta topográfica. Antônio Calvo e Paul Colas Rosas, 2007

Fique atento aos detalhes da bússola, pois na maioria dos modelos disponíveis a graduação numérica dos ângulos é de “dois em dois”, assim, para facilitar o seu uso, podemos arredondar os ângulos usados em campo e também na declinação magnética. No exemplo acima, a declinação vai de 21º58’ para 22º e de 338º02’ para 338º.

Agora é juntar todas essas informações e praticar!

Boas aventuras.

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Antônio Calvo - Armazém Aventura
Antônio Calvo

Os passeios, cursos, palestras e workshop são ministrados por <a href="https://armazemaventura.com.br/antonio-calvo/" rel="noopener">Antônio Calvo</a>, apaixonado por atividades ao ar livre desde a sua infância quando participava do Grupo Escoteiro Guia Lopes - 39o em São Paulo. Antônio tem experiência em diversos esportes como montanhismo, caminhada, escalada, canoagem e até dog sladding (trenó puxado por cachorros). É formado em Educação Experiencial Ao Ar Livre pela Outward Bound Canada, Tonhão como é conhecido, também tem formação pela Associação Canadense de Guias de Montanha - ACMG. Possui certificação em resgate de montanha pelo COSMO - Corpo de Socorro em Montanha - e Wilderness First Responder pela Wilderness Medicine Institute da NOLS. Além de trabalhar como instrutor e guia de montanha - seu currículo passa pela Antártica, Rochosas, Andes, Mantiqueira - administra, em São Bento do Sapucaí - SP, a loja e agência de turismo de aventura <a href="https://armazemaventura.com.br/" rel="noopener">Armazém Aventura.</a> Trabalhamos em conformidade com as Normas Brasileiras de Turismo de Aventura - ISO e ABNT NBR - além de possuirmos CADASTUR.

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Os passeios, cursos, palestras e workshop são ministrados por Antônio Calvo, apaixonado por atividades ao ar livre desde a sua infância quando participava do Grupo Escoteiro Guia Lopes - 39o em São Paulo. Antônio tem experiência em diversos esportes como montanhismo, caminhada, escalada, canoagem e até dog sladding (trenó puxado por cachorros). É formado em Educação Experiencial Ao Ar Livre pela Outward Bound Canada, Tonhão como é conhecido, também tem formação pela Associação Canadense de Guias de Montanha - ACMG. Possui certificação em resgate de montanha pelo COSMO - Corpo de Socorro em Montanha - e Wilderness First Responder pela Wilderness Medicine Institute da NOLS. Além de trabalhar como instrutor e guia de montanha - seu currículo passa pela Antártica, Rochosas, Andes, Mantiqueira - administra, em São Bento do Sapucaí - SP, a loja e agência de turismo de aventura Armazém Aventura. Trabalhamos em conformidade com as Normas Brasileiras de Turismo de Aventura - ISO e ABNT NBR - além de possuirmos CADASTUR.

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